Companhias que ignoram o aspecto da diversidade na composição de seus times executivos e de liderança ficarão para trás. Cada vez mais estudos evidenciam que incluir mulheres em cargos seniores, contribui para melhorar a lucratividade, aprofundar o impacto de responsabilidade social e oferecer mais segurança aos clientes e funcionários.
Em artigo publicado no final de 2020 no periódico científico Academy of Management, os pesquisadores Corinne Post, Boris Lokshin e Christopher Boone apresentam os resultados de um estudo em que investigaram os principais motivos que levam a resultados tão positivos entre empresas que trazem mulheres em cargos de chefia.
Segundo os investigadores, três transformações ocorrem quando a organização faz um movimento rumo à diversidade das lideranças: as empresas se tornam mais abertas às mudanças e menos expostas a riscos, mudam seu foco de fusão e aquisição para pesquisa e desenvolvimento, e, por fim, quanto mais mulheres na companhia, maior a abertura para a escuta das opiniões dessas lideranças femininas.
A explicação para o primeiro ponto vem do fato de que, como estão acostumadas a ter que provar constantemente sua competência, as mulheres estão mais propensas a se prepararem melhor, antecipando riscos e benefícios, para evitar possíveis falhas. Ao mesmo tempo, mulheres são, em geral, menos apegadas à tradição e mais propensas a desafiar o status quo, o que faz com que estejam mais abertas a mudanças.
Cenário pós-pandemia
O efeito do primeiro ano de pandemia de coronavírus foi muito negativo para as mulheres, de maneira geral, mas também na diversidade de gênero nas empresas.
Mais sobrecarregadas com as demandas familiares e da vida doméstica, principais responsáveis pelas atividades de cuidado – quando um familiar está doente, por exemplo – elas foram também as mais afetadas pelo desemprego. Além disso, a pandemia de Covid-19 atrasou por uma geração inteira a meta de igualdade de gênero no que diz respeito a salários.
Segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial divulgado em março deste ano, a previsão de que seja atendida a paridade salarial globalmente, que era de 99,5 anos, agora é de 135,6 anos. Isso acontece porque, precisando dedicar mais tempo e energia às atividades descritas acima, muitas foram obrigadas a abandonar o emprego ou tiveram seu desempenho prejudicado.
Ao mesmo tempo, entre as que ocupam cargos de liderança e que conseguiram manter seus ritmos de atuação, muitas evidenciaram que mulheres se saem muito bem quando atuam como líderes diante de situações de crise. Na Política, diversos relatórios mostraram que países liderados por mulheres lidaram melhor com os desafios impostos no último ano.
No universo corporativo não foi diferente. Ao analisar as avaliações de mais de 60 mil líderes, pesquisadores já haviam percebido que as notas das mulheres eram melhores. Repetindo a pesquisa com um corpus menor após a pandemia, os mesmos investigadores perceberam que as líderes femininas foram avaliadas como significativamente melhores do que os líderes homens em 13 das 19 competências analisadas.
Os critérios que melhor performaram foram os indicativos de melhores níveis de engajamento – atuação inspiradora, motivação, comunicação, trabalho em equipe, construção de relacionamento, por exemplo. Esses aspectos estão diretamente relacionados aos pontos identificados na pesquisa de Post, Lokshin e Boone: o de estarem mais abertas à mudança e menos afeitas aos riscos, o que passa aos colaboradores a sensação de segurança.