Imagine a seguinte situação: uma empresa com milhares de funcionários, em que um gerente ou supervisor coordena dezenas de colaboradores com os quais atua e interage diariamente. Em um determinado momento, a rotina intensa de trabalho, associada a dificuldades econômicas e problemas no relacionamento afetivo levam um destes trabalhadores a um quadro de ansiedade que se revela, aos poucos.
Os colegas notam pequenas mudanças de comportamento: impaciência para lidar com questões cotidianas, reações ríspidas que beiram o agressivo quando surgem problemas imprevistos, distração ao realizar as atividades. O gestor, no entanto, ainda que tenha boas intenções e conheça pessoalmente cada um dos seus subordinados, está focado nas demandas rotineiras do seu setor e não consegue dar atenção individualizada e diária. Portanto, não percebe o quadro até que o quadro de ansiedade evolui e culmina em uma crise que faz com que o colaborador precise ser afastado para realizar um tratamento.
Situações como esta acontecem todos os dias, muitas vezes gestadas dentro do próprio ambiente de trabalho, em outras, resultado de fatores diversos não relacionados diretamente à profissão. E, no entanto, impactam diretamente sobre os colegas, desestabilizando o espaço de trabalho e diminuindo os rendimentos da empresa por meio da queda de produtividade.
Na velocidade dos acontecimentos cotidianos atuais, é preciso ter cuidado. É essencial lembrar que cada colaborador é um indivíduo, com suas próprias questões pessoais, emocionais, afetivas, identitárias. Que existem males que não é possível ver sem olhar atentamente, mas estão ali, e prejudicam as pessoas quando vestem o uniforme.
Uma gestão humanizada demanda esse olhar atento sobre a saúde mental no ambiente de trabalho. Mas, como? É nestas horas que a horizontalidade da gestão se torna ainda mais importante. Transformar as equipes de trabalho em uma rede de cuidado é essencial. Não se trata de criar uma espécie de “rádio peão”, como popularmente se fala no chão de fábrica, em que cada um fica de olho na vida do outro.
Mas é quase isso: é preciso sim olhar o outro, mas munido das ferramentas para identificar os sintomas dos distúrbios da saúde mental. O olhar coletivo é essencial para construir um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado.
5 passos para cuidar da saúde mental no espaço de trabalho
Um espaço corporativo preocupado com a saúde dos colaboradores não é apenas aquele que observa as diretrizes de ergonomia ou disponibiliza os Equipamentos de Proteção Individual recomendados pelos órgãos fiscalizadores. Muitas medidas neste sentido estão nas atitudes, mais do que nas políticas de segurança.
Trabalhos recentes na área sugerem que os empregadores que promovem ações como maior controle das tarefas, reestruturação de atividades e diminuição da demanda podem influenciar positivamente a saúde mental, reduzindo o estresse, a ansiedade e a depressão e aumentando a autoestima, a satisfação no trabalho e, com isso, melhorando a produtividade.
Algumas medidas podem trazer resultados em curto prazo neste sentido, entre as quais as cinco seguintes são consenso entre os especialistas e pesquisadores do tema: