Quase 4% do PIB nacional, ou seja, mais de 80 bilhões de dólares por ano. Essa é a estimativa de quanto o estresse no ambiente de trabalho custa ao Brasil, segundo a International Stress Management Association (ISMA).
Nos Estados Unidos, o custo do estresse vinculado ao trabalho é de aproximadamente 300 bilhões de dólares. O estresse também pode ser causa de baixos níveis de engajamento, desenvolvimento de doenças crônicas entre os funcionários, e ferimentos e doenças de trabalho.
Se consideradas essas derivadas, o custo anual do estresse para as empresas norte-americanas sobe para 2,2 trilhões de dólares, conforme explica o consultor de liderança, estrategista e coach Rob Cooke em uma participação no Ted Talks. Tudo isso sem mencionar o custo humano já que o estresse é, por exemplo, o 4º principal fator de risco para infarto no Brasil.
O problema pode começar na esfera privada, com pequenas preocupações, e se intensificar à medida em que se amplia o escopo. São questões como falta de tempo para se alimentar adequadamente, preocupações com a saúde, falta de foco por ter dormido pouco, inseguranças financeiras ou por medo de perder o emprego.
Se a produtividade de cada colaborador diminui por conta de aspectos que parecem pequenos, como estes, como isso se reflete em uma companhia com centenas, milhares de funcionários? Os impactos são imensos.
Para Cooke, um dos caminhos para reduzir essas pegadas do estresse sobre a organização envolvem inverter a lógica: quem deve se preocupar com a redução do estresse no ambiente de trabalho é a empresa, não o colaborador. Ele entende o estresse não como uma consequência da rotina de trabalho, mas como uma cultura, já que boa parte das situações que levam a isso partem de conflitos evitáveis.
Se as organizações estiverem preocupadas com construir um espaço de trabalho saudável e voltado a diminuir as tensões, elas se antecipam aos problemas. Uma forma de fazer isso, para as empresas, é medir o bem-estar das suas pessoas com a mesma intensidade e seriedade com que medem crescimento econômico e rendimentos.
As pessoas estão estressadas? Por que? Quais são as causas que mais preocupam cada pessoa da companhia? Conhecer seus colaboradores, seus times, é uma forma de contribuir com o próprio crescimento.
Tensão x retenção
Uma cultura organizacional em que os indivíduos estão constantemente tensos e preocupados com sua segurança, estabilidade e futuro faz com que, na primeira oportunidade, eles troquem seu emprego atual por outra vaga minimamente satisfatória. Não é difícil entender essa relação: você continuaria a trabalhar em uma empresa cujos níveis de estresse são tão altos que as pessoas começam a adoecer?
Investir em bem-estar traz retorno também por conta disso. De acordo com a Forbes, políticas de bem-estar impactam em 66% de redução nas licenças-saúde. Segundo pesquisa da Gallup, altos índices de satisfação e bem-estar dos funcionários implicam na redução da rotatividade de funcionários em 51%.
Maior rotatividade está relacionada a mais custos – o desgaste envolvido em realizar novas entrevistas, selecionar candidatos e capacitar ou preparar novos funcionários que, ao se depararem com a cultura organizacional que não desencoraja o estresse, também não durarão muito tempo na equipe.
Este é um ciclo que precisa ser rompido. Investir no bem-estar contribui para a retenção de talentos e leva ao crescimento da empresa e à lucratividade.