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Hábitos construtivos para a sustentabilidade individual: uma meta possível para executivos sênior?

Publicado em 22/06/2021

Depois de estudar os hábitos e analisar as condições de saúde de 200 pacientes que atuavam como executivos em grandes empresas – dos quais três quartos eram nomes listados na Fortune 500 – o professor associado de Cardiologia da Tufts University, Dr. James Rippe, percebeu que 73% dos indivíduos analisados viviam uma vida sedentária. Os desdobramentos disso, de acordo com o médico, eram altos índices de diabetes, males do coração e obesidade.

Quando essas patologias entram na equação, é hora de acender um alerta. Se a própria preocupação com a qualidade de vida e a saúde não são motivos suficientes para levar uma vida mais saudável e melhorar o equilíbrio entre as diferentes esferas na rotina, aqui está mais uma boa razão: todos esses desdobramentos do sedentarismo podem diminuir a produtividade e a efetividade dos executivos em sua atuação profissional.

A analogia proposta pelo próprio dr. Rippe é interessante: você não vai muito longe se estiver sem combustível ou se danificar o motor. Assim como veículos de alta performance precisam de manutenção e cuidado para manter sua capacidade, o mesmo vale para executivos de alta performance.

No entanto, especialmente em situações imprevisíveis e fora do comum como esta que estamos vivendo em 2021, a rotina destes profissionais não é tão simples e é muito mais difícil incluir entre as prioridades a prática de alguma atividade física ou um tempo dedicado unicamente para as refeições serem feitas com tranquilidade.

Café da manhã, almoço e jantar viram horários de expediente, nas reuniões de negócios. A necessidade de encontrar um horário para aquela call estratégica roupa a meia hora da esteira ou os 40 minutos que seriam da academia, e assim se perde o controle.

Transformando comportamentos em rotina

Como evitar que isso aconteça e a rotina profissional tome conta de outros espaços da vida? Criando hábitos e priorizando-os. E, para isso, é preciso método. 

O jornalista e pesquisador Charles Duhigg, autor do livro O Poder do Hábito, sugere que o ser humano possui um mecanismo psicológico que ele nomeia de “looping de hábito”, um processo que inclui a descoberta de um comportamento, o ato de se comportar daquela maneira e o que sentimos que funciona como uma espécie de recompensa por aquele comportamento.

Para mudar um comportamento, portanto, é preciso que sintamos – e não que saibamos, apenas na teoria, qual vai ser o ganho daquela transformação. Isso não acontece do dia para a noite. Na verdade, há uma série de estudiosos dedicados a entender justamente isso: qual o tempo necessário para adquirir um novo hábito. Após acompanharem indivíduos voluntários por 12 semanas, os pesquisadores ingleses Phillippa Lally, Cornelia Van Jaarsveld, Henry Potts e Jane Wardle perceberam que a média para fixar um novo hábito entre os sujeitos analisados foi de 66 dias.

Assim, o estudo sugere que, alguns mais, outros menos, esse é o período recomendado para quem quer se acostumar a um novo padrão de ação – como, por exemplo, o de priorizar a atividade física. No caso do exercício, especialmente, é ainda mais difícil se acostumar quando se espera resultados rápidos, como, por exemplo, reduzir a circunferência abdominal ou simplesmente ficar mais saudável, já que nem uma nem outra coisa se percebe em poucas semanas.

Mas esse é somente um dos fatores que precisam estar em ordem para garantir a sustentabilidade individual de executivos de C-Level. Confira o ABCDE dos hábitos construtivos que contribuem para isso:

Administrar melhor o tempo. Todas essas reuniões são mesmo necessárias ou podem ser otimizadas para ocupar menos tempo na agenda? Quanto tempo o celular passou a ocupar na sua rotina – seja trabalhando, seja navegando em redes sociais? 

Balancear diferentes esferas da vida. Negligenciar a família, os amigos, o lazer, o tempo para si está entre os principais erros cometidos pelos executivos que estão muito preocupados em garantir o sucesso profissional. Atividades externas, offline, longe do escritório, desligar-se do trabalho, tudo isso é fundamental para recarregar as energias. E você provavelmente já sabe disso, mas coloca em prática?

Comunicar assertivamente. A dificuldade em se fazer entender pode ser um obstáculo maior do que se possa imaginar ao organizar a rotina e um empecilho para que todos esses hábitos possam ser colocados em prática. É fundamental praticar a comunicação não violenta, a escuta ativa, e a transparência na troca comunicativa com colaboradores, colegas, superiores, mas também com familiares, por exemplo.

Delegar. Estabelecer uma relação de confiança com colegas e subordinados que possibilite descentralizar atividades, confiar e delegar tarefas para concentrar-se apenas nas mais estratégicas. 

Estabelecer limites. Vale para o tempo que você dedica ao trabalho na rotina, para o tempo que passa no telefone, para o limite de horário em que atende demandas profissionais, para a quantidade de vezes na semana que almoçou em um fast food, para a quantidade de café consumida por dias. Delinear seu dia, estabelecer metas e linhas de partida e chegada pode ajudar a construir seu próprio método de equilíbrio.